"e dou um abracinho à mamã, dois abracinhos à mamã, três abracinhos à mamã, e o meu coração desabalado, o meu corpo a tremer de alegria, uma impressão no peito, uma névoa nos olhos, o meu tronco incapaz de mover-se, os meus ouvidos a zumbirem, uma espécie de tontura, uma espécie de ausência de mim mesmo em mim mesmo, uma tentativa de falar sem que nenhuma palavra, a língua presa, os dentes moles, um frio esquisito por dentro, tão esquisito por dentro, a suspeita que eu
- Ai filha
a quase certeza que eu
- Ai filha
a certeza absoluta que eu
- Ai filha
e a ficar-me como um passarinho, sem sofrimento nem dor."
por António Lobo Antunes. crónica completa em: http://aeiou.visao.pt/sem-sofrimento-nem-dor=f645577
Sem comentários:
Enviar um comentário