segunda-feira, 9 de julho de 2012

tenho 23 anos de vida

e este foi o 1º aniversário sem que a minha avó materna estivesse comigo.
sem que me oferecesse o seu típico ramo de flores, porque ela era do tempo em que flores era aquilo que se deve oferecer a uma menina/senhora. geralmente rosas, clássicas, com algo pelo meio.

à falta dela, ofereci-me uma única gerbera para o meu solitário.

não me deu este ano a sua carta de parabéns, escrita com mais ou menos palavras - e ultimamente, com a doença oncológica, costumava ter menos - na sua letra angular, estilo itálico e com registo de influência de quem completou na vida somente o ensino primário.

não me deu o seu sorriso para me desejar parabéns. não me elogiou o conjunto de roupa escolhido para a data. não fez o seu comentário típico: "é isso que se vê agora as raparigas usarem".


a vida muda. as pessoas nela presentes também. tive 22 aniversários com a minha avó. este foi o 1º sem ela. só fisicamente.


original exposto na Fundação José Saramago, na Casa dos Bicos, Lisboa

1 comentário:

  1. Bonito.(enviei à tua mãe)

    Mas, enquanto por aqui ando, tb gosto de te ter a meu lado, q continues a mostrar-me como é o mundo, ensinares-me cada vez mais palavras,...

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