sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Out of context

"O relojoeiro

As pessoas não vêm aos pares como as meias,
Vêm em pacotes fechados, individuais,
Sem manual de instruções.
Por vezes, quando abrimos a embalagem,
Vemos que estão partidas,
Mas não temos a quem as devolver
Ou pedir que as conserte.

Outras vezes vêm inteiras
Mas não funcionam
Ou, pelo menos,
Não percebemos para que servem.

Como um relógio,
Precisam de todas as peças.

O pêndulo, que as levará
De lá para cá
E de cá para lá
Ao compasso do movimento
Ou das circunstâncias,
E o coração, mecanismo complexo e frágil,
Que as fará falar ou calar-se,
Se for ou não a hora certa.

Em regra, com a expedição,
O coração perde peças
Que ficam no fundo da embalagem,
Soltas, inúteis e pesadas,
Que chocalham de encontro ao cartão.
Outras vezes,
Pelos encontrões da viagem,
As peças estão no sítio certo
Mas ficaram amolgadas ou partidas
E o coração parece inteiro
Mas não funciona.

Fosse eu como um relojoeiro cego,
Percorrer as montras das ruas,
Pegar nas pessoas
E consertá-las uma a uma
Sem olhar aos seus defeitos."

In A apologia do silêncio, de Ana Brilha

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ainda mais formalmente chateada e frustrada

enviei um email para o gabinete do secretário de estado adjunto do primeiro ministro.
dia 15 estarei a trabalhar na altura da manifestação, e resolvi portanto explanar o meu ponto de vista. podem fazê-lo aqui:

http://www.portugal.gov.pt/pt/os-ministerios/primeiro-ministro/secretario-de-estado-adjunto-do-primeiro-ministro/contactos.aspx?rc=3737




quarta-feira, 12 de setembro de 2012

formalmente chateada e frustrada

http://www.ionline.pt/portugal/homem-detido-fotografar-carro-mal-estacionado-ao-servico-aguiar-branco

1/3 do meu ordenado pertence ao estado.
eu pago este carro do senhor, e a sua gasolina ou gasóleo enquanto que, na minha vida profissional, ando de transportes. na minha pessoal, frequentemente, também.
eu não dou dinheiro ao estado para os ministros andarem com o carro que eu lhes pago na sua vida privada, nem para usufruírem de condutores, nem para estacionarem em cima do passeio que eu vou querer usar.
eu não lhes dou dinheiro para isto.
orientem-se, que eu também me tento orientar, sem dívidas, e cada vez com menos dinheiro.